domingo, 22 de fevereiro de 2009

A gatinha é pop

Beijinhoss Babitachik às 05:35





Barrinha MaynaBaby


De brinquedinho de criança, Hello Kitty, 30 anos, virou ícone das modernas.
Não se deixem enganar pela carinha meiga, de olhos redondos e ar angelical: essa gatinha é uma sobrevivente num dos mais cruéis campos de batalha do mundo, o das preferências do exigentíssimo público infanto-juvenil do Japão, acostumado a uma quase inimaginável quantidade de apelos mercadológicos. Samurai em sua terra natal, virou guerrilheira no exterior, enfrentando com seu corpinho minúsculo as curvas e os dotes peitorais de concorrentes do teor de uma Barbie e não fazendo feio diante da hegemonia dos personagens da Disney. Feita para menininhas, hoje, a pouco mais de um mês de completar 30 anos (embora não pareça ter mais de 3), Hello Kitty atingiu o status de ícone pop, cultuada por mulheres que têm tantos anos quanto ela ou mais. “Comecei a comprar Hello Kitty quando viajava. Hoje, compro compulsivamente. Entro no site quase todos os dias”, diz a promotora de eventos Lelê Nakao, 39 anos, mais de 1.000 produtos em casa e, no corpo, dez tatuagens da gata-boneca. A lista de fãs famosas da gatinha japonesa é estelar: Britney Spears, Drew Barrymore, Christina Aguilera, Mariah Carey, e por aí vai. Mas é a legião de seguidoras anônimas que faz qualquer loucura para bancar o equivalente a 2.400 reais por uma televisão cor-de-rosa conjugada com DVD, 315 reais por um telefone com fio, 343 reais por uma sanduicheira que desenha a bonequinha no pão, num furor aquisitivo que movimenta 4 bilhões de dólares por ano. A cada mês são lançados 200 produtos, chegando a 12.000 itens diferentes (de lingerie a eletrodomésticos) nas prateleiras de sessenta países. Nascida no Japão como um modesto porta-moedas, a gatinha de jeitinho pop virou xodó de modernos de tribos variadas, como o estilista Alexandre Herchcovitch, que acaba de lançar sua segunda coleção com o desenho.

Divulgação







“Começando pelo banheiro, eu tenho: escova de dentes, touca, chinelo, xampu, toalha, tapetinho. Também tenho abajur, guarda-chuva, telefone, som, filtro, despertador, torradeira, sanduicheira. O volante do meu carro é forrado com Hello Kitty. E ainda tenho camiseta, casaco, saia, mil bolsinhas, milhões de coisinhas pra pendurar no celular. Mas o que eu mais quero mesmo é a bicicleta”, enumera a atriz Regina Casé, 50 anos e uma filha de 15 (“Ela acha fofa, mas não gosta tanto. Não tem a mesma carência de cor-de-rosa que eu”). De onde vem tamanha adoração? “Um personagem vira ídolo pela capacidade de ser ou fazer algo que desejamos, mas só podemos realizar através dele. Essas qualidades contaminam aquilo que ele toca, a cor dele, as coisas que o identificam”, teoriza Cristina Costa, professora de estética dos meios de comunicação da Universidade de São Paulo. E as características que identificam a gatinha estão, literalmente, na cara: simplicidade, candura e “fofurice”, qualidades infantis que muitos adultos jovens mantêm em sua vida como um elo com tempos mais idílicos.

Criada no Japão em 1974 pela designer Yuko Shimizu, Hello Kitty tem um currículo insuspeito para os neófitos: chama-se Kitty White, vive em Londres com a irmã gêmea Mimmy e os pais, George e Mary. Da altura de cinco maçãs e peso de três, ela não tem boca porque “fala com o coração”. Já enfrentou lá as suas crises. “Cinco anos depois do nascimento da Kitty, os consumidores tinham cansado um pouco”, conta Yuko Yamaguchi, a terceira desenhista-chefe da personagem. Aos poucos, ela suavizou os traços da gatinha, variou suas roupas e posições e fez de Kitty uma febre fashion que começou no Japão (onde moderninha digna do nome tem seu desenho em tudo) e se alastrou pelo mundo. É dela também a invenção, nos anos 90, do namorado da Hello Kitty, Daniel, e de seus bichinhos de estimação, o gato persa (sim, a gatinha tem um gato) Charmmy e o hamster (isso mesmo: a gatinha tem um quase-rato) Sugar. “Na virada do século surgiu uma nova necessidade de resgatar valores simples. Ícones infantis como Hello Kitty, Mickey Mouse e Pantera Cor-de-Rosa, que nos remetem a sensações da infância e dão conforto emocional, acabaram se tornando ícones do mundo pop”, analisa o consultor Carlos Ferreirinha, especialista em mercado de luxo. Valores simples podem ter um sentido muito figurado nesse caso, quando estão à venda mimos como os conjuntos de moedas de ouro comemorativas do trigésimo aniversário da Hello Kitty (4.500 dólares cada) ou as tiaras de platina com brilhantes (27.300 dólares).



Barrinha MaynaBaby

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